Moravam numa pequena vila localizada numa região que outrora tinha sido zona rural. O bairro ficara populoso demais, pois se rendeu ao progresso devido à expansão industrial. Um plebiscito permitiu a instalação de várias fábricas de capital multinacional, mas o lugar não perdera aquele jeitinho de interior; ainda. Crescia rápido.
Estabeleceu-se um cabedal bom para a população, menos para os moradores mais idosos que desejavam sossego. Ao contrário dos jovens, estes contratados, por salário mínimo, uma fortuna para quem ganhava um décimo na lavoura ou como pedinte nas feiras. Com tanta euforia, tanto os velhos quanto os novos nem sentiram que praticamente o sítio geográfico onde moravam se modificara. O que antes área limítrofe era região inóspita, agora não mais, já havia praticamente se unido à da outra cidade, esta considerada subúrbio emergente, com diversão, bares, comércio farto, grandes avenidas, trânsito caótico e outras mazelas corriqueiras e aceitáveis.
Era lá que Dona Rosália e Sr. Astolfo faziam suas compras todo final de mês. Agora pela facilidade de acesso; todos os sábados. Para subsistência de um casal sem filhos não era muita coisa que precisavam comprar. Suas atenções eram focadas essencialmente para os tecidos, linhas, botões, debruns e passamanarias em geral. Materiais que precisavam estocar para manter o negócio do qual eram artífices. Para o sustento, tinham na própria residência um atelier, uma pequena confecção de roupas, etiqueta Geéle’S. O Sr.Astolfo costurava para os homens e os gays e Dona. Rosália para as mulheres e as lésbicas.
A relação deles com a clientela era uma coisa impressionante. Queridos pelos vizinhos, clientes e fornecedores, que mesmo depois de muitos anos de convivência, e pelo amor que demonstravam ter um pelo outro, não haviam chamado a atenção até mesmo dos amigos mais chegados. Não repararam que Dona Rosália... O seu corpo... Chamava mesmo a atenção era o seu aspecto corporal forte, vamos dizer assim; era possuidora de uma musculatura mais viril, muito mais que o próprio companheiro. Fora dos padrões para uma bela mulher daquela região, rural. Se talvez vivesse numa grande cidade, urbana, não seria notada, as academias de musculação dariam esse trato nela como dá há muitas mulheres e tão bonitas quanto ela.
Realmente, fora todos aqueles músculos, seus traços femininos são surpreendentes. Analisando bem hoje, o Sr. Astolfo era um homem de aparência também forte, porém com traços mais suaves. Intrigava. Porque não tiveram filhos?
Os siameses eram criados pelos dois, mas o gosto pelos felinos não era da Dona Rosália.
O luto ainda não terminou e Celina já dorme com Rosália na cama do casal. Os dois gatos siameses o casal cria-os até hoje em homenagem ao Sr. Astolfo.
Afinal, os dois foram homens muito felizes.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário