quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

MALVINA

Por que era sábado, Leôncio não podia ter entrado, mas lá estava ele já com o umbigo e os cotovelos pregados no balcão do bar. Saira cedo de casa para comprar pão, leite, jornal e cigarros. Passara reto pela porta da padaria e foi direto para o bar de onde saira no dia anterior, tarde, completamente bêbado, tocado pelos safanões da sua mulher, Malvina, que esbravejava:


- sujeitinho imprestável, não posso confiar mais neste desgraçado, bebum safado...


Leõncio estava completamente a mercê do mal etílico, apenas sorria e cambaleava, seguia, mas parando de poste em poste para tomar fôlego e vomitar. A mulher reclamava, vizinhos faziam chacota na sua passagem, parentes e amigos a incentivavam...


- Largue esse desgraçado de vez Malvina. Tu merece coisa melhor...


Mas como tinham doze filhos para criar, aguentava, era aquela a sua sina; oito meninos e quatro moças donzelas, uma aos treze, grávida. Típica família segurada, com os beneplácitos do governo, assim constituída para obter com fartura a famigerada Bolsa Preguicite Família.


Na rua e na casa onde moravam todos só tinham coragem de atiçar por que sabiam dele ébrio, uma dama, jamais quando sóbrio, Leóncio era um ‘carnegão de furúnculo’ de se aturar. Se dizia protegido dum deputado por causa duns servicinhos feitos; humm!. Mas naquelas péssimas condições, era um cu sem dono... a mulher jogava-o na cama e o sujeito desmaiava até o dia seguinte, mas acordando cedo por que era sábado.


Volto onde comecei...


Depois desse dia nunca mais levou pão e leite pra casa, o jornal virou cama e coberta, e cigarro somente em guimbas, pedidas ou catadas... Daí em diante; bêbado, mais bêbado do que nunca, quando não, caído na sarjeta, faziam dois dias; o que chamou a atenção dos frequentadores assíduos do bar. Viam-no naquele estado;


- E aí Leôncio, queres uma ajuda até a sua casa. Ele só balbuciava:


- amando, Malvina, amando, Malvina, amando, Malvina...


Nisto passa a mulher, uma morena ainda gostosa apesar daquele rosário de filhos, e pára;


- A que ponto tu chegou heim Leôncio... um trapo... Se ao menos tu ainda desse no couro, te salvava...


Um que observava a cena há algum tempo mas sem querer interfirir, mas já interferindo diz:


- Quando a paixão leva o cara pra bebida, é uma merda...


- Olha senhora; ele diz estar ‘amando Malvina’...


- Que amando que nada, eu sou a Malvina, ex-mulher deste aí. Ele está assim a meu mando. Mandei-o pra fora de casa...


Deu de costas e se foi sem olhar para traz.


Leôncio viveu mais vinte anos, dizem que morreu de cirrose hepática, acho...ou foi dengue. Porra, o que interessa isso; mais vinte anos enchendo a cara... deve ter morrido feliz.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

DÈMODÉ

desde os primórdios o instinto animal do homo, já sapiens, no convívio com os carnívoros irracionais aprendeu a matar para defender-se e alimentar-se.
pensemos; não houve mudanças desta prática, é certo, mas não justifica nesta contemporaneidade;
amar e depois matar... comer, fartar-se e depois descartar... há até quem já fez uso de animais para apagar vestígios da carcaça. mas não me venham falar de suicídio para livrar o culpado da pena pelo crime cometido. a vida de mais uma menina foi ceifada. quer-se, o mínimo; que haja rigor nas investigações.
são injustificáveis diligências e conclusões periciais superficiais, quando que hoje para estes casos se tem meios tecnológicos modernos para detectar com precisão a ‘causa mortis’ de Jeniffer, não cabe mais o prevalecimento gerador mor das injustiças, para o favorecimento de quem quer que seja, prevalência de classe social e ou importância política do criminoso. isto hoje é totalmente démodé, e vergonhoso numa sociedade globalizada!

" o suicídio(?) da modelo Jeniffer Venturini, em Portugal"